Carolina, 21 anos, lésbica vítima de violência doméstica

Estratégias. Ameaçar com a revelação da orientação sexual, 'outing', é uma das técnicas de intimidação.


Os homossexuais queixam-se cada vez mais de agressões:


Começou pela agressão verbal, passou à fase dos jogos de pressão psicológica, acabou aos murros e aos pontapés. E com a entrada nas urgências hospitalares. A vítima chama-se Carolina, 21 anos, e este é um caso típico de violência doméstica, mas entre um casal de lésbicas. O que prova, dizem os técnicos, que violência no seio homossexual não é muito diferente da que existe entre casais heterossexual. Em Portugal, cada vez há mais queixas e relatos. A diferença é que estas pessoas também podem ser vítimas de outing: a ameaça de revelar ou a revelação da orientação sexual é uma forma de agressão.
Estudos internacionais revelam o peso dos maus tratos entre homossexuais. Um inquérito realizado no Reino Unido (British Medical Association, Broad of Science, 2007, Domestic Abuse) concluiu que 22% das mulheres e 29% homens em relações homossexuais tinham sido alvo de algum tipo de violência física, sexual ou psicológica. E um trabalho levado a cabo nos EUA indicava que 11% das lésbicas tinham sido maltratadas pelas parceiras (contra 30,4% das que viviam em relações heterossexuais), percentagem que aumenta para 15% nos casos dos gays, o que demonstra que também neste grupo o agressor é mais frequentemente um homem.
Em Portugal, as queixas de violência doméstica entre homossexuais não estão tratadas em separado. Vão todas para o mesmo saco, mas cada vez há mais denuncias, "embora seja mais difícil de identificar", sublinha Paulo Côrte-Real, presidente da Ilga Portugal. E acrescenta: "As próprias pessoas não têm a noção que o fenómeno é transversal. E, depois, a situação é agravada pelo facto de ser gay ou lésbica. Há renitência em fazer queixa para não haver uma segunda vitimação, não se discriminada devido à orientação sexual."
Carolina diz não ter sentido essa discriminação quando teve que recorrer ao hospital devido aos maus tratos da companheira. E conta: "Nunca escondi nada de ninguém, muito menos dos técnicos de saúde. Na primeira vez, as pessoas ficaram sem saber como lidar com a situação, nota-se sempre um olhar diferente. Depois, já me conheciam e tratavam-me normalmente".Mas nos casos em que a pessoas não assumem a orientação sexual, os agressores utilizam o medo da revelação para agredir. E, além de injuriarem, baterem e abusarem praticam o outing. "A ameaça de que se vai revelar a situação de homossexualidade é a única coisa que distingue a violência nos casais homossexuais e nos heterossexuais. As estratégias e as formas de actuação são as mesmas. E, por serem relações entre o mesmo sexo, não são mais simétricas, não, também há uma relação de poder", explica Rosa Saavedra, técnica da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, responsável pela campanha "Violência doméstica entre pessoas do mesmo sexo".Carolina tinha 17 anos quando conheceu a companheira. Namoraram dois anos antes de viverem juntas . A jovem a era militar e suportava as despesas. Além disso, nem sequer tinha menos força física do que a namorada. Aceitou os maus tratos durante um ano porque "gostava dela e acreditava que a situação era passageira, que tudo se iria resolver". E acrescenta: "Houve alturas em que cheguei a defender-me, mas não ia ter o mesmo tipo de tratamento. Sempre pensei que o diálogo tudo resolveria." Deixou-a há um ano. Não apresentou queixa à polícia.


Fonte: Diário de Notícias

Ciclo de Violência Doméstica/Namoro









A violência doméstica ou violência no namoro funciona como um sistema circular – o chamado ciclo da violência doméstica – que normalmente apresenta três fases:

  • Fase de tensão: as tensões quotidianas acumuladas pelo agressor que este não sabe ou não consegue resolver, criam um ambiente de perigo iminente para a vítima, pois o agressor descloca toda essa tensão para a vitima, culpabilizando-a. Os pretextos são geralmente muito simples, nomeadamente situações do quotidiano, como exemplo, acusar a vítima de não ter cozinhado ou cozinhado com sal a mais, de ter chegado tarde a casa ou a um encontro, de ter amantes, etc.;

  • Fase da agressão/explosão: acontece quando o agressor descontrala-se e maltrata, física e psicologicamente a vítima que procura defender-se, esperando que o agressor pare e não avance com mais violência.
    Este ataque pode ser de grande intensidade, podendo a vítima por vezes ficar em estando bastante grave, necessitando de tratamento médico, ao qual o agressor nem sempre lhe dá acesso imediato. Caracteriza-se por um momento em que o homem demonstra a sua superioridade sobre a mulher.


  • Fase da lua-de-mel: o agressor, depois da tensão ter sido direccionada sobre a vítima, sob a forma de violência, manifesta-lhe arrependimento e promete que não vai voltar a ser violento.
    Pode invocar motivos para que a vítima desculpabilize o comportamento violento, como por exemplo, ter corrido mal o dia, ter-se embriagado ou consumido drogas; pode ainda invocar o comportamento da vítima como motivo para o seu descontrolo. Para reforçar o seu pedido de desculpas pode tratá-la com delicadeza e tentar seduzi-la, fazendo-a acreditar que, de facto, foi essa a última vez que ele se descontrolou. É também considerada uma fase de manipulação, pois o agressor é que decide quando é que a "lua-de-mel" começa e termina e porque nesta situação a vítima sente-se confusa e desorientada e tende a acreditar que é desta que ele vai mudar.

Este ciclo é vivido pela vítima numa constante de medo, esperança e amor. Medo, em virtude da violência de que é alvo; esperança, porque acredita no arrependimento e nos pedidos de desculpa que têm lugar depois da violência; amor, porque apesar da violência, podem existir momentos positivos no relacionamento.

O ciclo da violência doméstica caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto é, pela sua repetição sucessiva ao longo de meses ou anos, podendo ser cada vez menores as fases da tensão e de apaziguamento e cada vez maior e mais intensa a fase do ataque violento. Em situações limite, o culminar destes episódios poderá ser o homicídio.

O Depois - As Consequências

As consequências de um crime podem ser muitas e diversificadas. Embora com variações, todas as vitimas se sentem perturbadas por um acto violento.
Quanto mais violento o crime, mais se verifica a afectação geral da vítima. Existem geralmente, um conjunto de consequências de carácter psicológico, físico e social que se manifestam após a vitimação e que podem ser determinantes para a vivência da pessoa.
Numa vitimação, a vítima não é, geralmente, a única pessoa em sofrimento. As testemunhas desta vitimação podem ser também afectadas. Também os familiares e amigos da vítima, ainda que não necessariamente testemunhas do crime, podem sofrer as consequências do mesmo.
Estas consequências, qualquer que seja a natureza da vitimação, verificam-se aos níveis físico, psicológico e social.






CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS

Os efeitos físicos incluem não só os resultados directos das agressões sofridas pela vítima (fracturas, hematomas, etc.), mas também a resposta do corpo e do organismo ao stress a que foi sujeito. No entanto, não aparecem todas ao mesmo tempo e a sua intensidade varia de pessoa para pessoa. Destas consequências podem dar-se os seguintes exemplos:   
»      perda de energia;
»      dores musculares;
»      dores de cabeça e/ou enxaquecas;
»      distúrbios ao nível da menstruação;
»      arrepios e/ou afrontamentos;
»      problemas digestivos:
»      tensão arterial alta. 
  
CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS

A ultrapassagem dos efeitos psicológicos posteriores a uma situação de vitimação pode revelar-se extremamente difícil. De facto, algumas pessoas chegam a recear perder o equilíbrio psíquico.As consequências psicológicas da vitimação podem ser:
»      desconfiança;
»      tristeza;
»      diminuição da autoconfiança. 

CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS

A vitimação obriga por vezes a profundas alterações estruturais da vida quotidiana  (a mudança de casa ou de emprego, etc.). O abalo geral ou parcial do seu projecto de vida implica geralmente:
»      sentimento de solidão;
»      tensões familiares e conjugais;
»      medo de estar sozinho;
»      sentimentos de insegurança.   


Fonte: APAV

Quando o silêncio magoa, um grito é a ajuda que precisas...





Testemunhos de vítimas

Aqui fica um testemunho de uma vítima, actualmente, de violência doméstica, mas que outrora já foi vitima de violência no namoro:

"O meu marido sempre me bateu, desde o namoro. Há um dia em que a gente não aguenta mais e decide mudar de vida, sair, ter liberdade para ser feliz. Não foi fácil, tive se sair para uma cidade que não conhecia, ter um emprego que não era o meu (trabalho numa pastelaria); e agora já tenho uma casinha que é arrendada. É muito pequenina, mas tenho comigo a minha filha, que está na escola. A única coisa que eu lamento é não ter as coisas todas resolvidas no tribunal. Assim uma pessoa fica sempre presa a um passado que quer esquecer. Não me arrependo de ter deixado tudo para trás. Quando temos um problema destes, acho que temos de aceitar a ideia de perder algumas coisas para podermos ser livres. Eu perdi o meu emprego, algumas amizades, o convívio com os familiares, a minha casa e até algumas coisas sem valor, mas que eram recordações da minha mãe e que muito estimava. Tenho ainda muita amargura no coração, mas até a amargura eu hei-de vencer. É preciso dar tempo ao tempo e não esperar milagres. O que eu quero dizer é que é preciso ter esperança, mas não ficar quieta à espera que ele mude ou que venha alguém resolver um problema que nunca mudou, desde novos.
Hoje a minha filha é muito mais feliz, temos amigos, vizinhos, as minhas colegas são espectaculares. Tive apoio de várias instituições, fui ao Apoio à Vítima, bati às portas e fui corajosa. A minha filha e eu merecíamos uma vida melhor. Ainda nos falta muito para termos aquilo que sonhamos, e talvez a gente nunca chegue a ter tudo, mas isto já temos e foi resultado do nosso esforço. Somos guerreiras e a vitória faz-se por batalhas."

Fonte: APAV





Como saber se se está a viver uma relação violenta?

Como saber se se está a viver uma relação violenta?

Os sinais que aparecem no eventual agressor quando uma relação está prestes a tornar-se violenta são:


  • Não valoriza a tua opinião;
  • Dá-te ordens e tomas as decisões por ti;
  • Torna-se ciúmento de forma possessiva e compulsiva, controlando todos os teus movimentos, chamadas, mensagens, etc.;
  • Insulta, humilha-te, intimida-te e desvaloriza-te como Ser Humano;
  • Obriga e pressiona-te para teres relações sexuais com ele, quando ele quer, e como quer, por exemplo, relações sexuais desprotegidas;
  • Não aceita qualquer tentativa tua de terminar a relação;
  • Após um comportamento violento por parte dele, oferece-te prendas, tentando compensar o mal que fez, e para que continues na relação e penses que ele ainda gosta de ti e te trata bem;
Fonte: AMVC

Slogan

Olá a todos!

É com muito prazer que anunciamos a criação de um slogan relativo ao nosso tema.

Palestra

Dia 6 de Abril, quarta-feira, irá decorrer no auditório da Zarco, uma palestra referente ao tema "Violência no Namoro" com a participação da APAV (Associação de Apoio à Vítima).

A palestra terá inicio às 11:45h e terminará por volta das 13:00h. Iremos abordar assuntos como, o que fazer quando se encontra numa relação violenta, a quem recorrer, bem como as consequências que podem advir desse tipo de relações.

Apareçam!!! :)

Entrevista com a Psicóloga

Colocamos algumas questões à Dr. Isabel Vilaça, psicóloga da nossa escola, referentes à violência no namoro, para uma melhor compreensão deste tema, perceber como agir e a quem recorrer e para termos uma breve ideia das consequências que isso pode ter na vítima.
Assim, podemos concluir que:

Qualquer tipo de violência é um problema, quer ocorra no contexto escolar, quer ocorra no contexto familiar. Um dos deveres do aluno, estipulado no respectivo estatuto, é precisamente respeitar a integridade física e psicológica dos diversos elementos da comunidade. Por outro lado, mesmo que essa violência exista fora do contexto escolar interfere com o seu bem-estar e reflecte-se também no seu papel de aluno.


 Se algum docente ou pessoal não docente presenciar alguns destes comportamentos  deve comunicar ao director, um aluno deve comunicar ao director de turma, o qual transmite ao director.


Em caso de agressão ou conhecimento de casos semelhantes dentro de escola pode-se recorrer  ao Serviço de Psicologia e Orientação da respectiva escola.

Não obstante, pode-se também recorrer a instituições de apoio, tais como a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima).




Quem somos?

Somos alunos do 12º Ano da Escola Secundária João Gonçalves Zarco e criamos este blogue no âmbito da disciplina de Área de Projecto.

Este blogue tem por objectivo conhecer a tua opinião relativamente a este crescente problema - violência no namoro. Assim, gostaríamos de saber se já experienciaste uma situação destas, se já tomaste conhecimento de alguém que estivesse nesta situação, ou simplesmente o que pensas deste problema.





Ficamos à espera!